Perigosas verdades das águas de onde venho. Nelas, muitas flores despontaram assíduas, desabrocharam, declinaram.
Sou diabólica,sei. Nisso que faço, devagar e no silêncio
-Com a paciência de um anjo.
(O espelho outra vez)
--
A aurora é um clarear de um céu, uma espécie de renovação.
Outro dia, outra sexta‑feira, outro vinte de março, janeiro
ou setembro. Uma vez mais o mundo desperta. As estrelas
retrocedem e extinguem‑se. É mais sombria a separação das ondas.
A neblina adensa‑se sobre os campos. O vermelho sobe às pétalas
das rosas, mesmo à da pálida roseira que se debruça à janela de
um quarto. Um pássaro canta. Os camponeses acendem as luzes
das casas. Sim, é a eterna renovação, o incessante movimento.
E também dentro de mim a onda se ergue. Cresce, arqueia o dorso.
Uma vez mais sinto renascer em mim um desejo, qualquer coisa que
vem do fundo de mim.

Virginia Woolf

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